Certa vez em uma aula de literatura do ensino médio, com um professor beeem acima da média, eu aprendi sobre o simbolismo de formigas e mãos. A gente lia um conto da Lygia Fagundes Telles chamado formigas, e tentava decifrar o que o ataque dessas criaturas, nas madrugadas queriam simbolizar. No final das contas tinha muita relação com a sexualidade reprimida de personagens femininas. Depois dessa aula eu comecei a enxergar essa imagem em diversas obras como Um Cão Andaluz (1929) e Augustine (2013).
Un chien andalou (Luis Buñuel, 1929)
Un chien andalou (Luis Buñuel, 1929)
Un chien andalou (Luis Buñuel, 1929)
Un chien andalou (Luis Buñuel, 1929)
Augustine (Alice Winocour, 2012)
Augustine (Alice Winocour, 2012)
Augustine (Alice Winocour, 2012)
Augustine (Alice Winocour, 2012)
Enfim, eu comecei a entender o simbolismo para além da sexualidade, mas como desejo, uma força motora que movimenta e que pulsa, em oposição a repressão individual ou por forças externas que oprimem esse desejo de sair. Pra mim fica muito a ideia das mãos formigando, querendo criar (com as mãos inclusive, a pegada artesanal) e a luta consciente contra essas forças opressoras.
Como a Linoleogravura ainda é uma técnica nova pra mim, ainda fico insegura com o traço e os resultados. E dessa vez, o meu perfeccionismo atacou de maneira brutal e acabei fazendo 5 versões da mesma matriz ao longo de uns meses. Eu tinha uma visão muito fixa de como a ilustração final iria ficar e tentei repetidas vezes até chegar o mais perto possível dessa idealização.
Foi cansativo e não cheguei no resultado que realmente queria, mas o interessante foi ver o meu progresso ao longo de todo o processo.

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