Certa vez em uma aula de literatura do ensino médio, com um professor beeem acima da média, eu aprendi sobre o simbolismo de formigas e mãos. A gente lia um conto da Lygia Fagundes Telles chamado formigas, e tentava decifrar o que o ataque dessas criaturas, nas madrugadas queriam simbolizar. No final das contas tinha muita relação com a sexualidade reprimida de personagens femininas. Depois dessa aula eu comecei a enxergar essa imagem em diversas obras como Um Cão Andaluz (1929) e Augustine (2013).
Enfim, eu comecei a entender o simbolismo para além da sexualidade, mas como desejo, uma força motora que movimenta e que pulsa, em oposição a repressão individual ou por forças externas que oprimem esse desejo de sair. Pra mim fica muito a ideia das mãos formigando, querendo criar (com as mãos inclusive, a pegada artesanal) e a luta consciente contra essas forças opressoras.
Como a Linoleogravura ainda é uma técnica nova pra mim, ainda fico insegura com o traço e os resultados. E dessa vez, o meu perfeccionismo atacou de maneira brutal e acabei fazendo 5 versões da mesma matriz ao longo de uns meses. Eu tinha uma visão muito fixa de como a ilustração final iria ficar e tentei repetidas vezes até chegar o mais perto possível dessa idealização.
Foi cansativo e não cheguei no resultado que realmente queria, mas o interessante foi ver o meu progresso ao longo de todo o processo.